quinta-feira, 1 de outubro de 2020

Compulsão, uma amiga próxima

Sei que a minha compulsão alimentar vem das restrições que sofri na infância.

Comer sempre foi um martírio e, por isso, mantenho  uma relação estranha com a comida. 

Sempre disse que, quando tivesse a minha casa, tudo seria mais fácil. Eu poderia cozinhar a minha própria comida, compraria o que bem entendesse, congelaria várias receitas saudáveis e um mundo melhor (e mais magro) me aguardaria.

Aqui estou, aproximadamente 18 meses depois de estar instalada na minha cada, e o corpo que possuo não é mais leve do que no início dessa jornada: pelo contrário.

É claro que a quarentena forçada dificultou muitas coisas, mas sei que a grande parte dos problemas são internos. 

Além de comer forçada, na maioria das vezes alimentos que eu não queria, havia o dinheiro restrito e as poucas chances de comer as guloseimas que queria, no tempo e quantidade desejada.

A liberdade do trabalho, no início, foram o gatilho para a compulsão alimentar. O fim daquele longo relacionamento atrapalharam mas o metabolismo rápido dos primeiros 20 anos foram fundamentais para processar tantas calorias ingeridas em poucas horas.

Conforme a liberdade financeira foi aumentando, a "libertinagem" alimentar foi aumentando e, com isso, o peso também. A frustração do corpo nunca voltando para o mesmo parâmetro do início dos 20 anos foram um peso enorme nesse processo de afundamento.

É engraçado pensar que, ao contrário do que imaginei, a liberdade de ter a minha casa fez com que eu me enterrasse de vez nas más escolhas, ao invés de nadar de braçada nas boas.

Tentei academia, nutricionista, conversa com o marido mas, quando estou sozinha em casa ou na  praça de alimentação do shopping, só existe o diabinho falando no meu ouvido.

Hoje, dentre diversas possibilidades, cozinhei um risoto. Não seria absolutamente nada demais, se o restante do dia fosse feito de escolhas saudáveis e sensatas, mas o gatilho da palavra "hamburguer" e a frustração do corpo ""disforme"" foram mais fortes. Comi um hamburguer, batatas fritas, Coca-Cola e ainda devorei uma caixa com 12 brigadeiros, que eu deveria dividir com o amor da minha vida.

Mais uma vez estou triste, me sentindo para baixo e derrotada. É como se a comida tivesse ganho e, nessa batalha, eu não tivesse a menor chance. 

Não vou dizer que amanhã será um novo dia, pois ainda é cedo. Hoje será uma "nova noite" e farei o meu melhor para que amanhã seja um dia muito melhor.

ACL