terça-feira, 26 de outubro de 2021

Sempre ela, me tirando tudo de bom que tenho

É muito curioso como tudo está bom, não há nada para reclamar na minha vida mas… Deus, como o ser humano é insatisfeito por natureza. 

Logicamente percebo todos os meus privilégios, toda a sorte que tive na vida, tudo de bom que venho colhendo por sorte ou por esforço mas é impressionante como parece que SEMPRE falta alguma coisa.

A impressão que tenho é que a minha compulsão por comida - na verdade, por doces e gordura - é algo que atrapalha a minha vida em todos os sentidos. Uma vez que me sinto fraca por não conseguir não comer algo, tenho a sensação que não consigo mais nada na vida (ainda que isso não faça sentido, pois minha vida é cheia de conquistas).

Acabei de comer um hamburguer sem vontade, apenas pq pensei que um pouco de gordura “me deixaria mais feliz”. 

Será que um dia isso terá fim?

terça-feira, 17 de novembro de 2020

A morte bem próxima

Não há absolutamente nenhum fenômeno capaz de nos fazer repensar toda a vida passada, presente e futura do que a morte de alguém próximo. Tudo passa a ser relativo e muitas certezas passam a não existir mais. 

A pergunta, eternamente sem resposta, fica suspensa no ar: e se não houver amanhã?

Após a morte da Teresa, uma apreensão tomou conta de mim. Pela Patrícia, em primeiro lugar, e depois por mim mesma, sabendo que o mesmo pode acontecer com meus pais, meus sogros, minha tia. 

É normal, é natural, mas ninguém está preparado. E se não houver tempo para o último beijo? Para as últimas frases? Espera, tínhamos planos para o fim de semana! E agora?

Lembro sempre da minha avó, que morreu no intervalo entre descobrir que seria bisavó e o nascimento da Joana. São tantas as palavras nunca ditas, tantas alegrias não vividas que a dor volta como anos atrás, como se nunca houvesse realmente partido.

E eu, que estava com tanta preguiça de ir na Boiuna na sexta-feira, estou mais certa do que nunca. E se não houver sábado? Bem, pelo menos o dia anterior terá existido e ali saberei que houve amor.

No fim, é mesmo a única coisa que resta. Saber que fomos amados é a única sensação acalentadora no meio do desespero. Lembrar de palavras carinhosas e olhares amorosos será sempre um afago quando a saudade aparecer. 

E ela aparece, sempre.

A dor da perda futura existe e eu sinto há anos. Quando uma morte como a da Teresa acontece, a dolorosa pergunta volta à minha cabeça: quanto tempo será que vai demorar para ser você aqui no lugar da Patrícia?

Hoje o coração está apertado, com tristeza pela perda da minha irmã de coração, e por saber que esse meu amanhã chegará. Se Deus quiser, que entre hoje e esse amanhã haja um intervalo muito longo. 

ACL

quinta-feira, 1 de outubro de 2020

Compulsão, uma amiga próxima

Sei que a minha compulsão alimentar vem das restrições que sofri na infância.

Comer sempre foi um martírio e, por isso, mantenho  uma relação estranha com a comida. 

Sempre disse que, quando tivesse a minha casa, tudo seria mais fácil. Eu poderia cozinhar a minha própria comida, compraria o que bem entendesse, congelaria várias receitas saudáveis e um mundo melhor (e mais magro) me aguardaria.

Aqui estou, aproximadamente 18 meses depois de estar instalada na minha cada, e o corpo que possuo não é mais leve do que no início dessa jornada: pelo contrário.

É claro que a quarentena forçada dificultou muitas coisas, mas sei que a grande parte dos problemas são internos. 

Além de comer forçada, na maioria das vezes alimentos que eu não queria, havia o dinheiro restrito e as poucas chances de comer as guloseimas que queria, no tempo e quantidade desejada.

A liberdade do trabalho, no início, foram o gatilho para a compulsão alimentar. O fim daquele longo relacionamento atrapalharam mas o metabolismo rápido dos primeiros 20 anos foram fundamentais para processar tantas calorias ingeridas em poucas horas.

Conforme a liberdade financeira foi aumentando, a "libertinagem" alimentar foi aumentando e, com isso, o peso também. A frustração do corpo nunca voltando para o mesmo parâmetro do início dos 20 anos foram um peso enorme nesse processo de afundamento.

É engraçado pensar que, ao contrário do que imaginei, a liberdade de ter a minha casa fez com que eu me enterrasse de vez nas más escolhas, ao invés de nadar de braçada nas boas.

Tentei academia, nutricionista, conversa com o marido mas, quando estou sozinha em casa ou na  praça de alimentação do shopping, só existe o diabinho falando no meu ouvido.

Hoje, dentre diversas possibilidades, cozinhei um risoto. Não seria absolutamente nada demais, se o restante do dia fosse feito de escolhas saudáveis e sensatas, mas o gatilho da palavra "hamburguer" e a frustração do corpo ""disforme"" foram mais fortes. Comi um hamburguer, batatas fritas, Coca-Cola e ainda devorei uma caixa com 12 brigadeiros, que eu deveria dividir com o amor da minha vida.

Mais uma vez estou triste, me sentindo para baixo e derrotada. É como se a comida tivesse ganho e, nessa batalha, eu não tivesse a menor chance. 

Não vou dizer que amanhã será um novo dia, pois ainda é cedo. Hoje será uma "nova noite" e farei o meu melhor para que amanhã seja um dia muito melhor.

ACL

terça-feira, 9 de outubro de 2018

Sem título

É muito comum, na minha rotina, eu me sentir pra baixo, desanimada, sem forças. Minha vida é assim desde que me entendo por gente e é uma das coisas que mais me entristece na minha personalidade.

Na real, me falta força de vontade. Admiro aquelas pessoas que lutam com garra pelas coisas, passam por cima de todas as adversidades e estão lá... Eu me sinto apenas uma preguiçosa. 

O tempo passa, desperdiço minhas horas e quando vejo, o dia acabou e minhas obrigações não foram feitas. Pq? É irracional. 

E dói. Muito.

ACL

segunda-feira, 16 de julho de 2018

Pare, pense e respire

Engraçado, nem lembrava que havia escrito um postagem de despedida do Giuseppe em janeiro. Pra variar, eu e meus rompantes.

É bem verdade que ele me deu alguns motivos. Apesar de nada grave, seu modo "descansado" de levar a vida me cansa excessivamente. Por outro lado, me esforço para ver as coisas como ele, sem tantas preocupações e tentando aproveitar mais que reclamar.

De lá para cá, já fomos para Bahia desfrutar de dias maravilhosos. Poucas viagens foram tão incríveis e senti que foi um período muito importante para nós. Descobrir um lugar novo para ambos, curtir programas pouco usuais para ele, como a praia e estarmos bem desconectados do que acontecia no Rio. Tudo isso nos fez desejar ficar mais por lá.

O casamento já está adiantado (apesar de atrasado, na minha concepção), o apartamento finalmente ganhou forma e obra e, entre pequenos desentendimentos, olho para ele e vejo futuro. Nem sempre translúcido, mas ainda sim é plenamente o que exergo. Quando estamos juntos sinto uma felicidade incrível. Estarmos abraçados, rindo, apenas ao lado um do outro, me faz querer parar o tempo. Imaginar que essa felicidade existe enche meus olhos de lágrimas. Principalmente pq um dia acreditei que havia perdido meu direito de senti-la.

Tenho certeza que apenas estamos encerrando uma etapa para viver uma mais complexa, mais difícil mas, dentro do meu coração, ainda mais feliz.

Hoje há amor e muitas esperanças. Que assim seja.

ACL

quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

Desde que comecei a escrever aqui, vivi muitas coisas. Vivi amores, desilusões, decepções.... esperanças.

Comecei pensando em como fazer o Paulo voltar para mim e isso diz muito sobre o título do blog. Mas a vida caminhou, ele não voltou e aprendi a viver o (novo) trajeto que a vida me mostrou. Foi fácil? De forma alguma, mas sobrevivi e tenho certeza que fiquei mais forte. Criei uma couraça e fiquei menos mole, até menos doce. 

Hoje parece que encerro outro capítulo da minha história. Encerro a seção  "Giuseppe". 

Ainda não imagino a dor que hei de sentir, pois sei que isso é o início de uma avalanche que virá. Ele conquistou meu coração e meus projetos mais íntimos de família. Ele, sem nem imaginar, resgatou muito daquela Luana sonhadora e amorosa do início dos 20 anos. Ele também matou essa Luana pouco a pouco e hoje não resta quase nada. 

Hoje começa a nossa despedida. Hoje minha estrada segue outro rumo e tenho fé que dos céus alguma luz vai me guiar.

ACL

segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

Como é não se sentir inadequada?

O fim de domingo normalmente guarda um sentimento melancólico. O fim do que me dá prazer em prol das obrigações, a privação de sono, a correria, os ônibus e as horas dirigindo, a distância dele...

Costumo não reclamar da segunda-feira e muito menos de ter trabalho mas, sem motivo aparente, ontem foi um fim esquisito. Meu peito estava apertado, com uma angústia inexplicável. E, desde então até agora, resta um sentimento... a inadequação.

Percebi que me sinto inadequada desde muito cedo. Quando criança, ouvia tantas reclamações de minha mãe relativas ao meu comportamento, a minha falta de interesse pelos estudos, ao fato de ser relapsa com minhas coisas que era uma filha inadequada. Na adolescência, claro, isso se exacerbou. Por um bom tempo, um corpo inadequado. O comportamento, bem, esse é até difícil de mensurar. Difícil era quando estava fazendo algo certo. Ok, é bem verdade que muitas vezes eu era a culpada, mas em outras tantas, acho que não.
E, enfim, a vida adulta. Aqui, um parênteses. 

(Quando foi que virei adulta? Pq, muitas vezes, meu coração não bate como um coração adulto? Pq quero viver essa vida mas tenho sentido tanto medo?)
O corpo oscilou muito e é cada vez mais difícil controlá-lo. O humor mudou, tornou-se instável. O amor próprio foi minando (dentro de mim; ninguém além de nós precisa saber disso). Cada vez me reconheço menos e não encontro uma nova Luana. 

Resto aqui, com essa angústia, incompreendida, incompreensível, amargurada, dolorosa e.... inadequada. 

ACL